domingo, 31 de julho de 2011

Apometria: Ingênua técnica de desdobramento, com desdobramentos perigosos!

Apometria. Como já dissemos, a Apometria não faz parte da Doutrina Espírita. O termo apometria é derivado do gregoApó-preposição significandoalém de e fora de e Metron- relativo àmedida. Segundo aqueles que a aplicam, representaria o clássico desdobramento entre o corpo físico e os "corpos" espirituais do ser humano. Não seria propriamente uma técnica mediúnica e sim uma "técnica de separação desses componentes".

Diz-se que "um médico da turma de 50", "espírita", JOSÉ LACERDA DE AZEVEDO teria iniciado o método no Brasil; no entanto, não sabemos em que Faculdade teria se formado o tal "médico da turma de 50". Posteriormente, em 1965, o porto-riquenho LUIS RODRIGUES teria aplicado a técnica com outro nome. JOSÉ LACERDA teria tentado a metodologia em sua esposa, Dona Yolanda, que seria médium.

Diz-se, também, que teria sido identificado um tal "grande complexo hospitalar na dimensão espiritual denominado Hospital Amor e Caridade". a nossa opinião sobre os chamados "hospitais" da erraticidade, isto é, são fantasias espirituais sem a menor base científica nem doutrinária para validá-los como verdadeiros.

Ora, a apometria é então uma técnica totalmente estranha à Doutrina Espírita, pois segundo esta não existem "corpos espirituais", a Doutrina faz referência apenas ao perispírito. Logo se observa, ao estudarmos o assunto, que se trata de uma técnica que absorve conceitos da Teosofia e do hinduísmo e não é por acaso que a Sra. L. é uma entusiasta desse método, pois adota os princípios do ramatisismo. Apesar de respeitar o seu ponto de vista, repudiamos com veemência a catalogação dessa técnica de desdobramento como espírita, até porque em Espiritismo não há técnicas.

Dizem aqueles que praticam a Apometria que ela "apresenta resultado eficaz em todos (o grifo é nosso) os pacientes, mesmo nos oligofrênicos" (cf. página da Internet intitulada 'Algumas notas sobre Apometria'). Assim, essa técnica seria aplicável para tratamento, inclusive, de deficientes mentais. Ora, em Medicina não existe nenhum tratamento em que se obtém eficácia em todos os casos e até hoje não há cura para os deficientes mentais; logo, a afirmação de cura desses pacientes é, no mínimo, leviana.

O método, em resumo, consistiria em se aplicar "pulsos magnéticos concentrados e progressivos" no "corpo astral" do paciente e, "por sugestão" comandar-se-ia seu afastamento. Desdobrar-se-iam o médium e o doente para contato com "entidades médicas do astral" !!! Está visto que não há a menorcientificidade no método: é um amontoado de termos, sem a menor possibilidade de controle científico e com o falso pressuposto de que os Espíritos estariam à disposição dos médiuns em dias e horas marcados. Enfim, parece-nos um verdadeiro Ôba, Ôba espiritual...

Só para se ter uma idéia: na propaganda de um livro que trata especificamente do assunto, diz o autor que tratou de 16.000 casos nos últimos 10 anos, ou seja, uma média de 1.600 casos por ano... Como conseguir-se o desdobramento de um paciente, do médium e doutrinar os Espíritos num hospital espiritual em tão pouco tempo de trabalho?! Num "estalar de dedos" ?...

Desculpe-me, a Sra. L., mas não recomendamos esse método para ninguém; além disso, ele pouco difere da Projeciologia, tão divulgada pelo Dr. WALDO VIEIRA, que abandonou o Espiritismo para dedicar-se a ministrar Cursos sobre isso...

Finalizando este tópico, diremos que o conhecimento da técnica da Apometria demonstra que a imaginação humana não tem limites, principalmente quando se quer auferir dividendos com a credulidade das pessoas, pois dentro deste barco encontram-se alguns médicos, psicólogos, etc., inescrupulosos; a julgar-se pela propaganda já referida. Não citamos nomes das pessoas porque não queremos personalizar e, embora não conheçamos a Sra. L. - que parece ser de boa-índole - dar-lhe-emos este conselho: saia dessa canoa, ela não está furada não, ela nunca teve fundo!...

Enfim, há um adágio atribuído a ALBERT EINSTEIN que, infelizmente, temos repetido em nossos artigos: "HÁ DUAS COISA INFINITAS: O UNIVERSO E A TOLICE DOS HOMENS".

Quimioterapia . A Sra. L. pergunta como age a quimioterapia nos corpos sutis e até que ponto usá-la? Aqui, novamente a pergunta está prejudicadapela expressão "corpos sutis". Como vimos, a Doutrina só admite um "corpo" sutil - o perispírito; que aliás, é pouco conhecido na sua estrutura íntima. Logo, falar-se em "corpos" sutis é usar uma linguagem, de antemão, obscura, do Ocultismo.

A Sra. L. confere uma tal importância aos "corpos sutis" que chega a duvidar da ação benéfica da quimioterapia ao questionar: "até que ponto usá-la?". Ora, a quimioterapia é extremamente importante para as pessoas que apresentam vários tipos de lesões malignas (câncer), apesar dos seus inúmeros efeitos colaterais, sérios, ela tem prolongado a vida de muitas pessoas, que passam a viver com razoável qualidade de vida (há inúmeros exemplos disso no meio artístico, como é público e notório).

Quanto à ação dos quimioterápicos sobre os "corpos sutis", ou melhor, sobre o perispírito, qualquer coisa que se afirmar será uma temeridade, posto que até hoje não se conhececompletamente o mecanismo de ação de muitos quimioterápicos sobre o corpo físico, imagine-se, então, sobre operispírito !!

Se os ramatisistas, vegetarianos roxos, vêem com horror a alimentação carnívora, principalmente a questão do sangue derramado dos animais, além das supostas "substâncias tóxicas" para os "corpos sutis" - confundindo-se digestãocomputrefação - o que diriam da ação dos quimioterápicossobre os corpos sutis?? Verdadeiros horrores! Digam o que disserem, pois todos têm o direito de dizer o que pensam, mas nada provaram...

Contudo, não acreditamos que uma substância grosseira como um quimioterápico possa ter ação sobre os "corpos sutis", mesmo dinamizado em fórmulas homeopáticas. A propósito, disse KARDEC:

"Os medicamentos homeopáticos, por sua natureza etérea, têm uma ação de certa forma molecular; sem contradita podem, mais que outros, agir sobre certas partes elementares e fluídicas dos órgãos e lhes modificar a constituição íntima."(ALLAN KARDEC. Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos. 1867, EDICEL, SP, p. 71). Enfim, ele mostra que os medicamentos homeopáticos poderiam inibir ou excitar a expressão de um sentimento, mas o sentimento não deixaria de subsistir; então, seria um mero paliativo. A seguir, diz KARDEC:
"Não se pode agir sobre o ser espiritual senão por meio espiritual!"

Será que teria passado pelo pensamento de alguém, recomendar aos doentes em tratamento quimioterápico, que o suspendam pelos efeitos colaterais e os submetam a um "tratamento" apométrico?!... Acreditamos que não, pois isto seria uma conduta de aprendiz de feiticeiro, mesmo com todo o aparato do suposto Hospital Espiritual "Amor e Caridade"; aliás, Amor e Caridade têm sido palavras fáceis de pronunciar e difíceis de se encontrar, como diria o sambista; e o "samba" da apometria é o "samba do crioulo doido" como diria STANISLAU PONTE PRETA.

Enfim, procuramos analisar uma técnica, muito ingênua, exótica, com inúmeras fantasias e ações pseudocientíficas, incomprováveis, cujas conseqüências são imprevisíveis; pois além de iludir a boa-fé de pessoas simples, abre campo para a atuação dos inescrupulosos, encarnados e desencarnados.

Iso Jorge Teixeira
Psiquiatra. Livre-Docente de Psicopatologia e Psiquiatria da Faculdade de
Ciências Médicas (FCM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A polêmica do uso de células-tronco!

A capacidade das células-tronco de se multiplicarem, reparando e formando diversos tecidos do corpo, como os da própria pele, do cérebro, dos ossos, do coração e dos músculos, torna essa pesquisa um importante avanço da medicina no tratamento de doenças até hoje incuráveis, como câncer (a leucemia inclusive), lesões na coluna (problemas de paralisia), danos cerebrais (traumas e doenças como os males de Alzheimer e de Parkinson), tratamentos para doenças neurodegenerativas, danos no coração entre outras.

Alguns métodos de coleta das células-tronco não geram polemicas ético-religiosas, como a coleta pelo cordão umbilical ou da medula óssea do próprio paciente. A polêmica surge quando se trata da retirada de células-tronco de embriões, visto que isso implica a destruição deles. Muitos argumentam que o extermínio desses embriões é tão criminoso quanto o aborto, uma vez que acaba com uma forma de vida. Aliás, embriões e fetos provenientes de abortos seriam fontes para a coleta desse material.

As células-tronco podem ser encontradas mais comumente em duas regiões do corpo: na medula óssea e no sangue do cordão umbilical, que permanece na placenta após o nascimento do bebê. E elas podem ser uma alternativa, por exemplo, para os casos de leucemia, em que o transplante de medula óssea nem sempre pode ser realizado, embora seja um procedimento de sucesso. Já com o sangue do cordão umbilical congelado, as células-tronco ficam disponíveis para serem usadas em casos como esse durante, pelo menos, 15 anos após a coleta, embora alguns estudos considerem a possibilidade de estocagem por até 50 anos. Além dessa vantagem, nesse tipo de transplante não há risco de rejeição, uma vez que as células provêm do próprio paciente.

No Brasil

O Brasil realizou no dia 08/10/2004 numa menina de 9 anos portadora de leucemia linfóide aguda o primeiro transplante de medula óssea com cordão umbilical coletado, congelado e disponibilizado no país. A informação foi divulgada por autoridades médicas em Jaú, no interior paulista, onde o procedimento foi realizado. O Ministério da Saúde anunciou a implantação no país da rede BrasilCord, um banco de sangue público de cordões umbilicais

Com o sangue do cordão umbilical congelado, as células-tronco ficam disponíveis para necessidades futuras, como no caso do surgimento de doenças, durante pelo menos 15 anos após a coleta. Além dessa vantagem, não há risco de rejeição quando essas células forem implantadas no paciente, uma vez que elas foram retiradas dele mesmo.

Clonagem terapêutica

Muitas pessoas pensam que a clonagem serve apenas para a criação de cópias de seres humanos. Entretanto, vários cientistas a vêem como uma possibilidade de cura para diversas doenças que atualmente não podem ser tratadas. Trata-se da tão falada clonagem terapêutica.

Esse processo consiste em obter um embrião da pessoa doente por meio da clonagem e retirar as células-tronco dele. Essas células têm potencial para se transformar em qualquer tipo de célula adulta do nosso corpo, como, por exemplo, células cardíacas ou nervosas. Assim, elas poderiam ser estimuladas a se transformar no mesmo tipo de célula que estão lesadas no organismo do doente. Por exemplo: uma pessoa com leucemia que necessitasse de um transplante de medula seria clonada, dando origem a um embrião, do qual seriam retiradas células-tronco. Dessa forma, a pessoa seria doadora para si mesma, sem correr o risco de que seu organismo viesse a rejeitar o transplante, pois as células utilizadas seriam retiradas de seu clone, que apresentaria a mesma constituição genética que ela.

Mas ainda existe uma séria e relevante discussão envolvendo a técnica: embriões teriam de ser sacrificados em prol da vida do doente. Muitas pessoas no mundo inteiro se manifestam contra esse procedimento, alegando que, se o embrião não tivesse seu desenvolvimento interrompido, uma pessoa nasceria. Isso é comparar essa forma de clonagem a um aborto. Por outro lado, muitas pessoas portadoras de doenças genéticas ou lesões medulares que impedem a locomoção defendem essa técnica porque enxergam nela a única possibilidade de cura definitiva atualmente conhecida.

Conclusão pessoal do autor: A meu ver, existindo a possibilidade do uso de células-tronco originárias da medula óssea ou de cordões umbilicais seria o mais indicado no auxilio ao tratamento das diversas enfermidades supra citadas. Mas por outro lado, não existindo a possibilidade desses dois meios e restando somente a alternativa de clonagem de um embrião, penso que não seria o mesmo que um aborto.

Primeiro, no aborto provocado, a mãe age por seu livre arbítrio sem o consentimento de Deus, que em muitos casos enviou aquele espírito sem a intenção de fazer com que sofresse essa prova, e pela vontade dela haveria o aborto ou não, conseqüentemente ela pagaria por esse ato de uma forma ou de outra.

No caso da clonagem do embrião em laboratório, tudo isso já estaria premeditado, com a intenção de curar e salvar outras vidas, e Deus não enviaria um espírito para sofrer um aborto (a não ser que fosse para pagar uma prova), para reencarnar em um embrião que já estaria destinado a ciência para este fim.

Oswaldo Magalhães Rodrigues

terça-feira, 12 de julho de 2011

Por que a Terra não será destruída em 2012!

O filme 2012 – O dia do juízo final produzido em 2008 nos Estados Unidos, é na verdade mais uma tentativa de se criar uma onda de terrorismo psicológico através do suposto fim do mundo. Nessa onda, exploram-se sem fundamento as profecias relativas às transformações pelas quais a Terra está passando para ingressar em uma Nova Era.
Segundo um amigo, os produtores desse filme usaram as profecias Maias tentando "cristianizá-las", mas esqueceram-se de que, quando tais profecias foram concebidas, aquele povo nem tinha ouvido falar de Jesus, muito menos pensava em acreditar em um único Deus. Como o ano 2000 já se foi, e não se pode mais explorar a falsa profecia da Bíblia – "de mil passarás, de dois mil não passarás" – agora surge um filme que procura reativar o tema catastrófico, embora não haja nenhuma citação a respeito nem no Velho nem no Novo Testamento.

A escolha da data.
Na verdade, a nova data para o mundo acabar, o dia 21 de dezembro de 2012, é apenas uma jogada de marketing para o lançamento do referido filme. Ela foi estabelecida no calendário Maia, um calendário que principia a contagem do tempo em 11 de agosto do ano 3114 a.C., ou seja, antes mesmo das datações arqueológicas dessa misteriosa civilização. De acordo com aquelas datações, os Maias floresceram entre 1800 a.C. e 1450 d.C., em um vasto território que inclui regiões das Américas Central e do Sul, onde as ruínas de suas cidades e pirâmides monumentais resistem ao tempo.
Os Maias são reconhecidos por seu avançado conhecimento de astronomia e pela precisão de seus diferentes calendários, como o calendário anual solar, com 365 dias, chamado Haab. Outro desses calendários, o de "longa contagem", foi desenvolvido para computar extensos períodos de tempo ou ciclos, de 5.125 anos. Foi com base nesse calendário de longos ciclos que se estabeleceu a tradição da profecia Maia do fim dos tempos.

A Nova Era.

Ora, diante de todas essas evidências, podemos concluir, sem margem de dúvida, que o ano 2012 já passou, ou seja, já estamos em pleno 2014 e a Terra não foi destruída, conforme a previsão divulgada de que o mundo acabaria no dia 21 de dezembro de 2012.

Convém ainda esclarecer que o termo "fim", empregado nas palavras proféticas de Jesus – "Quando o Evangelho for pregado em toda a Terra, é então que chegará o fim" (Mateus, 24:14) – está relacionado com a ideia de tempo e não com a de espaço, exatamente a mesma ideia do calendário de longos ciclos dos Maias. Portanto, Jesus se referiu ao fim de uma Era, não ao fim do mundo físico. E isto é lógico, pois quando as criaturas humanas estiverem evangelizadas haverá o fim da violência, das lutas fratricidas, do narcotráfico, das balas perdidas, das seleções étnicas e de todo o mal que ainda perdura no coração do homem.

E convenhamos: seria racional Deus acabar com o nosso planeta, quando as criaturas humanas estivessem vivendo plenamente a mensagem do Evangelho? E se Deus é a Justiça Suprema, a destruição do mundo seria então o prêmio prometido por Jesus aos mansos e pacíficos, que ao longo dos séculos se esforçaram para implantar na Terra o seu reino de amor e de paz? É claro que não! Deus é Justo!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Integração do Centro Espírita na Sociedade

Temos visto Centros Espíritas insistirem em se colocar numa atuação intra-muros, desvinculados até mesmo da rua em que se localizam, completamente alheios à comunidade que os envolve. Erro fatal para divulgação da própria Doutrina Espírita, que dirá para o esclarecimento do ser humano!

Sendo o Centro Espírita uma estrutura social humana, embora com ascendente espiritual, insere-se que ele faça parte – e o faz – da sociedade dos homens. Está, portanto, na dinâmica de relacionamento dos seres que vivem em coletividade. Se assim não fosse, seu isolamento o igrejificaria, tornando-o apenas um ponto de convergência religioso que, historicamente, já sacrificou diversas religiões que transcende o aspecto meramente religioso, e que ele deve ser entendido como um doutrina, um conjunto de princípios norteadores da vida. Sua base filosófica é mesmo sua força, mas que não se perde no labirinto confuso dos sofismas, porque tem por razão a pesquisa científica. Acreditamos na reencarnação pela lógica, pelo bom-senso e pelos fatos comprovados. E a religião, que deve esclarecer o homem quanto à sua origem, destinação e ligação com Deus, no Espiritismo ganha vida prática, porque entranha-se no dia-a-dia do cotidiano humano. Só compreendemos a paternidade divina se a vivenciarmos em nós e para os outros.

O isolamento é sempre um mal que devemos combater. Ninguém se forma em medicina pelo simples fato de cursar teoria médica na universidade. E a prática? O mesmo raciocínio devemos aplicar no Espiritismo. Não basta freqüentar um Centro Espírita para tornar-se Espírita. É preciso aprender na teoria e vivenciar na prática. Essa conjugação deve ser propiciada pelo Centro Espírita dentro de sua organização e também para fora desta.

O Centro Espírita que se isola da sociedade não participando das problemáticas desta, tende a se distanciar dos interesses da mesma, pois não estará colocando o Espiritismo ao nível das aspirações humanas.

São de dois tipos a forma de participação na sociedade: interior e exterior.

Comecemos pela forma interior.

A programação de estudo doutrinário do Centro Espírita não pode obedecer a padrões rígidos, inflexíveis e mesmo cegos, de abordagem das obras da Codificação. "O Livro dos Espíritos" é dinâmico e contém temas que se prestam à análise das vicissitudes do homem na Terra. Sua leitura deve ser feita com duplo interesse: conhecer o Espiritismo e esclarecer o homem quanto ao uso que faz de sua potencialidade intelectual e moral. Em outras palavras: o estudo das obras da Codificação deve estar associado à discussão dos temas cotidianos da vida, para que o freqüentador do Centro Espírita saiba colocar em prática a doutrina que aprende. É por isso que Kardec se preocupou em agrupar perguntas e respostas por temas, e nos coloca tanto diante do "aborto" quanto do "conhece-te a ti mesmo". Preparar o homem para bem viver na sociedade é tarefa do núcleo espírita.

Exteriormente temos a ação espírita nos setores da assistência social, do evangelho no lar, da aplicação domiciliar do passe, da utilização das artes e mesmo das realizações beneficentes para angariação de fundo financeiro. Todas essas demonstrações da prática espírita envolvem o elemento social. São feitas com a participação do homem no seio da sociedade. Destinam-se a estar com ele no que ele é, onde está e com suas necessidades imediatas. As atividades externas do Centro Espírita devem se adequar ao público que irá atingir, o que requer planejamento, organização e trabalhadores conscientes, o que só poderá ocorrer se estes forem bem assistidos no interior do Centro Espírita.

Quando visitamos alguém para aplicação do passe ou pequena leitura evangélica, estamos colocando em prática, vivenciando, o aprendizado espírita que o Centro nos forneceu. Estamos agindo na sociedade e sendo porta-voz do Espiritismo através da ação mais contundente que existe: o próprio exemplo. Nossa conduta, muito além que nossas palavras, dirá da nossa convicção e retratará a doutrina e a instituição que representa.

O Centro Espírita não é uma igreja parada no tempo. É um lar/escola dinâmico que visa carinho e afeto, estudo e trabalho, sempre preocupado em colocar o Espiritismo ao alcance de seus freqüentadores e respondendo às dúvidas e observações as mais diversas, tendo por base a codificação kardeciana. Não lhe cabe agir como instrumento político, mas cabe-lhe fazer a política da educação espiritual das almas que lhe comungam os ideais.

Temos visto Centros Espíritas insistirem em se colocar numa atuação intra-muros, desvinculados até mesmo da rua em que se localizam, completamente alheios à comunidade que os envolve. Erro fatal para divulgação da própria Doutrina Espírita, que dirá para o esclarecimento do ser humano!

As reuniões públicas de estudo, como o nome já indica, são feitas para a população, para todos os interessados, seja qual for o motivo que os levou ao Centro, pois procuram o Espiritismo e devem ser atendidos. Entretanto, como pode o público acorrer ao Centro Espírita se não é informado do que neste acontece?

Uma placa na entrada com os dias e horários das atividades. Uma recepção com distribuição de mensagens avulsas, jornais e revistas espíritas, além de prestar todas as informações aos visitantes. Um boletim informativo que possa ser distribuído gratuitamente. Um cartaz nas associações de moradores da localidade. Pequenos exemplos de serviços que podem ser executados para a boa integração do Centro Espírita na sociedade, além de outro serviço muito importante: o exemplo, o ir em socorro ao próximo, não esperando apenas que este venha à procura.

A falta de renovação dos trabalhadores do Centro Espírita, quando não ocasionada por distorções administrativas, pode ter sua origem no isolacionismo em que se acomoda o núcleo representante da Doutrina, fazendo um Espiritismo fechado em quatro paredes.

Que um grupo familiar não se renove é compreensível, afinal trata-se de um grupo restrito e de caráter domiciliar, mas um Centro Espírita deve obedecer a uma organização ativa e participativa, integrada no conhecimento e solução dos problemas sociais, mesmo que para isso o trabalho tenha de ser de longo curso, até a conscientização dos que freqüentam as atividades realizadas em seu interior.

A todo freqüentador deve ser mostrada a diferença existente entre ele e um trabalhador, pois sentar e ouvir uma palestra e depois tomar o passe, sem nenhum vínculo de responsabilidade, não o pode categorizar como um trabalhador sincero do Centro Espírita, que dedica seu tempo, voluntariamente, para a causa que abraça. Para isso, deve o Centro Espírita permitir a participação de todos os que o procuram, nos diversos serviços existentes, dando a cada um segundo o seu conhecimento e experiência.

Assim temos que a integração do Centro Espírita na sociedade é inevitável e inadiável.

Se o Espiritismo existisse apenas para os desencarnados, o Centro Espírita não teria razão de existir, pois é de todos os tempos sabido que o intercâmbio mediúnico não é privilégio de ninguém, podendo ser praticado em qualquer lugar, embora reconheçamos que o Centro Espírita é o local melhor indicado, pela seriedade, reconhecimento e estudo que o caracteriza.

O Espiritismo está no mundo para interagir como todo o conhecimento humano, e o Centro Espírita existe para conviver com toda a sociedade humana.

Marcus Alberto De Mario
Rio de Janeiro - RJ
(Publicado no Dirigente Espírita no 66 de julho/agosto de 2001)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Jesus e os dias de hoje

Aqueles dias, nos quais esteve Jesus cantando as glórias de Deus, pelas terras da Palestina, eram dias de grandes dificuldades morais.

As aflições, dramas pessoais, dificuldades de relacionamento, de entendimento entre povos e culturas faziam-se constantes.

A incompreensão, o preconceito, a preocupação com a aparência externa e com o aspecto social era a tônica, nos relacionamentos, principalmente nas classes mais abastadas.

Não muito diferente dos dias de hoje. Em termos morais e valores íntimos, ainda somos muito parecidos com aqueles que encontraram Jesus, durante Seu périplo de amor.

Os dramas vivenciados há mais de dois mil anos, na intimidade daquele povo, se assemelham muito aos desafios emocionais que hoje enfrentamos.

Por isso, os conselhos de Jesus são ainda tão atuais.

Ele falava para um povo que vivia em um mundo sem recursos tecnológicos, utilizava de analogias e comparações que pudessem ser compreendidas, pelas gentes simples.

Não obstante, Seus conceitos e orientações são ainda atuais.

Jesus não Se preocupava com as coisas do mundo. Ensinava as coisas da alma.

Sem preocupar-Se com os valores temporais, era, por excelência, o Sábio dos valores da alma, que os conhecia em profundidade.

Assim, Seus conceitos atravessaram os séculos chegando até nós com atualidade arrebatadora.

Nestes dias onde o estresse emocional e a ansiedade são doenças crônicas, Jesus nos aconselha a deixar a cada dia suas próprias preocupações e necessidades, sem nos afligirmos com o futuro desconhecido.

Ensina-nos a ter confiança e fé em Deus. Serve-Se do exemplo das aves dos céus, que não semeiam, nem ceifam e dos lírios do campo, que não tecem, nem fiam, mas têm uma beleza incomparável, para falar da Providência Divina.

Alerta-nos a não termos atitude inercial, esperando um salvacionismo ilusório, dizendo-nos que é necessário buscar para achar e bater para que as portas se abram.

Nestes dias onde, muitas vezes, nos colocamos como omissos e descomprometidos com nossa vida em sociedade, Jesus nos fala que somos o sal da Terra. E o sal deve atender à sua finalidade de preservação e de sabor.

Quando se mostra tão frequente o descrédito com o ser humano, Jesus nos alerta que somos a luz do mundo e que devemos fazê-la brilhar em nós, através das boas obras que somos capazes de executar.

Nestes dias onde o ter costuma sobrepujar o ser, onde a cobiça e o comprar são as grandes sensações, é Jesus que nos alerta para não nos preocuparmos com tesouros que a traça e a corrosão consomem.

E mais: que onde estiver nosso tesouro, aí estará nosso coração.

Os conceitos de Jesus talvez jamais tenham sido tão importantes como nos dias desafiadores que registra a Humanidade.

Nestes dias, onde os valores e as instituições são questionadas e abalam-se, perante a sociedade e os homens, Jesus prossegue como Modelo e Guia.

É Ele a referência indispensável para bem atravessarmos os mares encapelados da atualidade, para que Sua luz seja o farol que nos haverá de conduzir ao porto seguro que nos aguarda, após a tempestade.



Redação do Momento Espírita.

Em 01.07.2011.

Aniversariantes do mês de Julho